ão é o escritório que faz o trabalho, e muito menos que garante a motivação e a produtividade do profissional. Trabalhar remotamente também não é sinónimo de perda de cultura da empresa ou de solidão. Antes pelo contrário. Trabalho remoto tem mais a ver com flexibilidade, liberdade e, até, nomadismo digital (porque não?).
Apesar de várias empresas estarem a optar por manter os regimes que implementaram durante a Covid-19, especialmente híbridos, mantêm a obrigatoriedade de ir ao escritório um determinado número de vezes por semana. Nas restantes, a ideia é que os colaboradores estejam em teletrabalho, muitas vezes obrigados a trabalhar a partir da sua casa, ou seja, sem poderem variar de país, nem mesmo de cidade.
Mas não nos parece que trabalho remoto seja sobre permitir essa flexibilidade geográfica. Parece-nos, sim, que é sobre não querer trabalhadores fechados entre as quatro paredes de casa, pretendendo pessoas com amplos horizontes e reforçando o espírito de inovação e criatividade da própria organização. E, na hora de captar talentos, é poder chegar a geografias e culturas diversas.
Se tens a oportunidade de trabalhar remotamente e já não fazes questão de estar dentro das quatro paredes da tua casa, trazemos-te alguns exemplos, tanto de empresas como de líderes, que nos parecem inspiradores e podem levar-te a aproveitar o teu tempo e modelo de trabalho de uma forma mais diversificada.
Um CEO que é nómada digital
No início do ano, o CEO do Airbnb, Brian Chesky, decidiu abraçar o nomadismo digital. Na altura, disse numa publicação no Twitter que iria correr o mundo e viver em casas disponíveis na plataforma de aluguer temporário.
“A pandemia criou a maior mudança na forma de viajar desde o advento do transporte aéreo comercial. Pela primeira vez, milhões de pessoas podem viver onde quiserem. O trabalho remoto libertou muitas pessoas — obviamente não todas, mas uma grande fatia — da necessidade de estar no escritório todos os dias”, escreveu nessa publicação.
Uma empresa que incentiva o nomadismo digital
Já a agência de publicidade FCB, que trabalha marcas como a Mimosa, a Rubis Gás ou a Paralímpicos de Portugal, batizou o seu modelo de trabalho como fluído, e não remoto. “Achamos a expressão ‘trabalho remoto’ feia e não alberga o que pretendemos”, afirmou Edson Athayde, CEO e Chief Creative Officer da FCB Lisboa, em entrevista ao ECO.
“Queremos que nossos colaboradores sejam nómadas digitais, mais que trabalhadores enfurnados em casa. Desde já eles podem trabalhar de onde quiserem: da praia, da neve, a partir de outro país. Isso não os desliga dos vínculos profissionais que têm connosco. Nem das nossas obrigações para eles enquanto empresa. E já está a acontecer”, acrescentou.
Um co-working de sucesso
O espaço de co-working Bansko é, talvez, um dos mais inspiradores nesta área. Bansko é um município na Bulgária, onde se localiza este espaço, numa das estações de ski mais populares do país. Este projeto começou em 2016 com o objetivo de criar condições para atrair pessoas que trabalhavam online e, com o passar do tempo, foi crescendo: hoje tem uma comunidade de cerca de 100 membros ativos. E, além de um espaço de trabalho totalmente equipado e preparado para os nómadas digitais, o Bansko proporciona uma verdadeira comunidade. Das noites de jogos de tabuleiro aos churrascos ao final da tarde, os eventos e atividades são, para muitos, os pontos fortes deste espaço.
"Claro que podíamos trabalhar a partir de casa, mas é muito aborrecido. As pessoas vêm aqui para estarem rodeadas de pessoas com as mesmas ideias, que compreendem as suas necessidades e as suas visões”, defendeu Matthias Zeitler, cofundador do Co-working Bansko, citado pela Euronews. "Para os nómadas digitais, muitas vezes é um pouco difícil criar laços nas grandes cidades. Os espaços de co-working estão cheios de freelancers que vivem na cidade. Os nómadas digitais escolhem frequentemente destinos como Bansko, Bali ou Chiang Mai, onde encontram outros nómadas digitais e não têm de explicar que não estão de férias e que têm de trabalhar enquanto viajam.”