nquanto algumas empresas estão a canalizar os seus esforços para melhorar os antigos escritórios, adaptando-os às novas dinâmicas de trabalho e tornando-os atrativos o suficiente para que as pessoas queiram trabalhar a partir de lá, deixando as suas casas ou o ‘work from anywhere’, há organizações que estão um passo à frente. É o caso da Salesforce, que, seguindo uma lógica de trabalho remoto, mesmo nos escritórios portugueses, está empenhada em construir um centro focado no bem-estar, saúde mental e interação social entre os membros das equipas. Embora localizado na Califórnia, o Trailblazer Ranch também poderá receber colaboradores portugueses. Até ao final do ano, o wellness retreat da tecnológica deverá ser utilizado por cerca de 10.000 colaboradores.
“O Trailblazer Ranch serve um propósito diferente, o de aprofundar a relação entre colaboradores, das equipas com a empresa e das pessoas com elas próprias, num ambiente mais descontraído, relaxado, convidativo e confortável”, esclarece Fernando Braz, country leader da Salesforce Portugal, citado pela revista Pessoas. “É uma das primeiras experiências em todo o mundo e serve este propósito de investir na cultura corporativa e de investir no bem-estar dos nossos colaboradores”, acrescenta.
Localizado nas redondezas de Scotts Valley, na Califórnia, com quase nove hectares, o Trailblazer Ranch foi criado para ser um centro de trabalho e bem-estar para os quase 70.000 colaboradores da Salesforce. O espaço conta com 140 quartos, vários espaços de reunião e encontro, locais ao ar livre com lareiras exteriores, anfiteatros e até um lago. Para promover a interação social, o centro tem, ainda, diversos trilhos para caminhadas e instalações onde os visitantes podem cozinhar em conjunto, enquanto se reúnem e interagem.
Este novo espaço será, sobretudo, utilizado para reuniões de equipa com foco na formação e para fazer o onboarding de novos colaboradores, o que, ao longo dos anos de pandemia, passou para o plano digital em muitas empresas. A Salesforce continuou a recrutar e há, agora, milhares de novos colaboradores que nunca chegaram a conhecer-se pessoalmente.
“A falta de colaboração presencial tem vindo a alertar para a importância de haver formas de manter a cultura corporativa presente. A Trailblazer Ranch permite aprofundarmos as relações entre membros das equipas e até com parceiros, ao desenvolvermos uma experiência da cultura Salesforce de uma forma totalmente diferente”, explica Fernando Braz.
Em funcionamento desde março, a empresa espera que o novo centro de bem-estar seja utilizado por cerca de 10.000 colaboradores até final do ano. E todos são bem-vindos, independentemente do mercado onde trabalham: “O Trailblazer Ranch poderá ser usado também pela equipa de Portugal.”
O poder dos retiros
Mesmo as empresas que não estão a construir, como a Salesforce, um espaço focado no bem-estar dos colaboradores, estão a apostar em momentos dedicados à saúde mental. É o caso dos retiros empresariais. Na Coverflex somos fãs deste modelo e, apesar de sermos 100% remotos, reunimos toda a equipa em retiros com alguma frequência.
Atualmente já existem diversos conceitos de retiros empresariais, desde os mais focados na formação em temáticas estratégicas específicas e no networking, como é o caso da Business Retreats, aos que, como a Teamy, se dedicam a organizar experiências em retiros e workations, à medida de cada equipa. Há também conceitos que se regem por um objetivo comum, que pode ser, por exemplo, plantar árvores para regenerar a floresta portuguesa, como acontece no Primal Gathering, ou ainda os que apostam numa forte vertente criativa e artística, caso da Cerdeira – Home for Creativity.
Mais do que equilibrar as esferas privada e profissional dos colaboradores, o wellness retreat da empresa americana de software on demand, bem como os retiros empresariais, têm como base o conceito de work-life integration. “É compreender que não existem duas vidas numa só pessoa, a profissional e a pessoal. A integração é compreender que ambas fazem parte da mesma pessoa e que não há um interruptor para mudar o chip“, considera Fernando Braz.
O principal benefício é a “aceitação desta realidade e perceber que as nossas equipas são compostas por pessoas (no significado mais lato e abrangente do termo)”. “Nenhuma empresa espera estar a trabalhar com robôs, estamos a trabalhar com pais, mães, filhos, avós, amigos…”.